nos encontramos de novo quando o acaso voltar a nos encontrar
Você diz que não quer complicar as coisas e eu não entendo o que você quer dizer. Complicar as coisas para você é se envolver demais e fazer decisões contrárias ao que você estava planejando até aquele momento: voltar para casa, a centenas de quilômetros de distância daqui. Você pergunta o que eu acho de tudo isso e eu estou surpresa demais para formular qualquer frase. Nos conhecemos há poucos dias. Mas digo algo que diria, talvez, a qualquer pessoa me fazendo aquelas confissões: o que você chama de complicar pode ser, na verdade, simplificar. O que parece a escolha mais simples muitas vezes acaba tornando tudo mais difícil. E, é claro, eu estou triste por você ir embora. Eu gostaria que você ficasse mas não posso pedir por isso — embora depois, sim, eu tenha dito isso muitas vezes em tom de brincadeira. Mas com um fundo de esperança, aquele sentimento que persiste enquanto penso docemente em tudo o que poderia ter sido (ou no que seremos?). Agora você não está aqui, mas não é algo que dói. Estou agradecida às inexplicáveis conexões do universo que nos uniram em um dos acasos da vida. Em meio a situações confusas, surgiu você. Guardo em mim todos os dias em que nos reencontramos, não mais por casualidade. Os momentos em que torcia para você rir porque sua risada é tão bonita, outros em que você fumava e eu ficava observando sem pressa seu perfil meio introspectivo. Casa é uma palavra que você escreve entre aspas. Você não sabe para onde vai depois, e quando eu pergunto se tem alguma ideia, fala que entre todas as possibilidades do mundo talvez esse lugar seja aqui. Os dados estão lançados, é o que você me diz.