O ano da endorfina
Colocando a meta de uma vida mais saudável em prática
Eu normalmente era a última pessoa a ser escolhida pra formar time na escola durante a adolescência, e as aulas de Educação Física eram sempre um tormento pra mim. Havia apenas duas atividades que eu gostava e considerava que eu era relativamente boa: basquete e atletismo. De resto, sempre fui meio incapaz de chutar uma bola pro lado certo, nunca tive muita força ou coordenação. Em uma olimpíada escolar de um dos colégios em que estudei, descobri que poderia participar (e garantir minha nota em Educação Física) sem jogar nada, apenas fazendo a cobertura para o blog do evento. E é claro que essa foi a minha opção.
Eu sempre adorei atividades ao ar livre, caminhar, estar em meio à natureza. E em diferentes épocas da minha vida tentei fugir do sedentarismo buscando atividades que eram menos parecidas com aquelas aulas horríveis de Educação Física, como yoga, pilates de solo ou aulas de dança. Eu me matriculei também, algumas vezes, em academias, mas costumava me desanimar rapidamente. Nada daquilo realmente me agradava: equipamentos meio complicados, música ruim, homens que pareciam se importar mais em estar ali para mostrar os músculos.
Durante os meses de quarentena, totalmente isolada e sem sair de casa, minha única atividade física era correr na esteira de vez em quando. Quando as coisas melhoraram um pouco, saía às vezes para caminhar no parque. Mas, com a chegada da vacina, prometi pra mim mesma que assim que estivesse imunizada teria uma vida mais ativa, e me matricularia na academia perto de casa. Eu tinha um grande incentivo: meus 30 anos estão chegando, e decidi que quero chegar nesta idade feliz com o meu corpo, sentindo-me bonita, saudável e forte.
Dessa vez tudo mudou. Se antes a academia parecia um martírio, ir treinar começou a ser um momento especial do meu dia. Agora eu o vejo como um espaço para eu cuidar de mim. Não só do corpo, mas também da mente, já que ali eu passo uma hora focada apenas em mim mesma, longe do celular, sem me envolver com qualquer problema do mundo exterior. É um presente que me dou. Às vezes a preguiça bate, é claro, mas ter os objetivos que quero atingir na minha cabeça tem me ajudado a levantar da cama nesses dias.
No fim, cuidar de mim começou a se tornar rotina. E uma prática saudável acaba incentivando outras. Agora também me esforço para comer melhor — pela primeira vez fui a uma nutricionista e comecei um plano alimentar que me mostrou quantos nutrientes essenciais eu estava deixando fora do meu prato na correria do dia a dia, fazendo escolhas por comodidade, e não por serem realmente boas para o meu corpo. E, aproveitando a vibe saudável, comecei a fazer pilates com uma fisioterapeuta pra melhorar a postura, algo que eu vinha procrastinando há anos.
Considero que ter tempo para me dedicar ao cuidado do meu corpo é um privilégio, já que estou conseguindo me focar nisso neste momento por ter um emprego que me permite ter tardes livres. Em épocas em que trabalhava pela manhã e tarde, além de estudar a noite, isso seria praticamente impossível. É claro que ter tempo não é tudo: mesmo em períodos em que tinha mais horas livres, costumava priorizar outras atividades antes de pensar em exercícios físicos ou em cuidar da minha alimentação.
Não vou na academia todo dia, não sigo a dieta 100% do tempo, mas tento não me cobrar demais. Afinal, um pouco do que a gente faz já é sempre melhor do que nada, né? No momento estou feliz por estar conseguindo focar mais em mim, no que sou e no que quero me tornar, ressignificando o cuidado comigo mesma e a prática de exercícios físicos que sempre achei que “não eram para mim”.
Manter uma vida ativa também é uma maneira de promover a saúde mental, diminuindo a ansiedade e as chances de desenvolver depressão. Como uma pessoa que já sofreu com essas coisas, não ser sedentária é uma das principais formas de ser cuidadosa comigo mesma. Eu quero uma vida mais saudável, equilibrada e tranquila, em que eu me sinta confiante e com mais autoestima. Por isso, produzir endorfina é uma das minhas principais metas em 2022.