Ode ao banho e aos cheiros

Água quente, aromas gostosos e cabeça leve

Stephanie D'Ornelas
2 min readJan 16, 2021
Foto: Stephanie D’Ornelas

Lembro que no início da quarentena, no ano passado, ficava meio embasbacada com pessoas falando que pulavam o banho em um ou outro dia porque não saiam de casa. Nada contra a escolha delas, mas para mim esse é um momento tão maravilhoso que não imagino meus dias sem uma boa chuveirada. Muito além da higiene, comecei a ver esses momentos quase como um ritual terapêutico. Em muitos dias dos últimos meses (muitos deles extremamente monótonos, dentro de casa), o momento do banho era o ápice do dia, uma espécie de relaxamento meditativo. Era o espaço para sentir a água quentinha na pele e esquecer todo os problemas do mundo lá fora.

Comecei a investir em alguns produtos de banho que nunca tinha dado muita atenção, como óleos, sabonetes diferentes dos comuns que eu comprava no mercado e colônias pós-banho. É uma delícia a mistura de todos os aromas! Sou viciada no sabonete Phebo limão siciliano — uma amiga indicou anos atrás e me apaixonei no primeiro uso — , comecei a usar um óleo de banho de maracujá, depois do banho passo uma côlonia de jabuticaba (não tem muito o cheiro da fruta, mas tem um tom cítrico e doce delicioso) e fico nessa imersão de cheiros e vapor da água. É um momento para cuidar e amar meu corpo.

Quando a gente está cansado, não há nada melhor do que ir pra baixo do chuveiro. A água quente ajuda a relaxar os músculos tensionados e saímos revigorados. Nos dias sem fim dentro de casa, sinto que o banho também foi um momento importante para a minha própria saúde mental. Quando eu estava exausta mentalmente, era a hora do banho. É clichê dizer isso, mas sentia uma limpeza além da pele. Como se todo o peso dos dias também fosse embora pelo ralo. Eu saio do banho zerada para começar de novo, uma nova roupa limpa e uma nova cabeça, um pouco mais leve.

Talvez seja justamente por ter passado tanto tempo em casa que eu tenha começado a valorizar mais esse momento de cuidado. Antes da pandemia, minha vida estava meio corrida entre trabalho e faculdade, e o banho muitas vezes era uma ducha rápida sem tantas reflexões. Agora, em alguns dias, eu preparo o banho como um ritual ainda mais especial: acendo uma vela no banheiro, deixo a luz baixa e coloco uma playlist tranquila e bonita para tocar. São coisas simples, mas que fazem uma grande diferença, como um abraço gostoso em nós mesmos.

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Stephanie D'Ornelas

brazilian journalist writing about books, art, cinema and more | jornalista curiosa sobre o mundo. aqui escrevo sobre livros, arte, filmes e devaneios