Filmes | Março de 2021

Cinco filmes vistos no terceiro mês do ano

Stephanie D'Ornelas
5 min readApr 16, 2021
Pieces of a Woman

O Oscar está chegando e comecei a assistir mais filmes indicados à premiação! Vou começar falando de três deles — Judas e o Messias Negro, Druk e Pieces of a Woman —, seguidos de outros dois filmes mais antigos que assisti em março, No Coração da Escuridão e o documentário Buena Vista Social Club.

Judas e o Messias Negro (Judas and the Black Messiah)

2021

Judas e o Messias Negro é um filme maravilhoso que está concorrendo ao Oscar em várias categorias: melhor filme, roteiro original, fotografia, canção original e ator coadjuvante (disputado pelos dois principais atores da trama, Daniel Kaluuya, o “Messias” e Lakeith Stanfield, o “Judas”). O filme narra a história de Fred Hampton — o Messias Negro — , que foi ativista e líder dos Panteras Negras, organização revolucionária antirracista que atuou nos Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 80. Tudo é exposto a partir do olhar de Bill O’Neal, um militante negro infiltrado pelo FBI que se aproximou de Hampton para espionar e sabotar o movimento. O filme é super interessante pela história em si, mas também pelas atuações maravilhosas e pela fotografia.

Minha nota: 5/5

Druk

2020

Eu fiquei completamente apaixonada por Druk, filme dinamarquês que está concorrendo ao Oscar na categoria de melhor filme internacional. Quatro amigos, homens de meia-idade, estão frustrados com suas vidas no âmbito pessoal e profissional. Para tentar resgatar o vigor que tinham na juventude, eles resolvem ser cobaias de um experimento proposto por eles próprios: manter um nível constante de álcool no sangue. No início tudo parece funcionar bem, com a bebida deixando eles mais alegres e criativos, mas ao longo da trama, a relação com o álcool se revela muito mais complexa. Esse filme me fez rir e chorar; é leve e divertido, mas também trata de questões bem complexas.

Minha nota: 5/5

Pieces of a Woman

2020

Pieces of a Woman é uma produção da Netflix que retrata a dolorosa perda de um filho logo após o parto. A atuação da Vanessa Kirby (Martha) é absolutamente intensa, com destaque para vinte minutos ininterruptos da cena do parto domiciliar que unem (e provocam) uma imensa quantidade de emoções, entre expectativa, medo, êxtase e dor. É tudo muito brutal e doloroso, e mesmo assim o filme tem momentos de extrema beleza e sensibilidade. Esse filme me impactou muito, e imaginei como o efeito deve ser ainda maior em mulheres que já passaram pela experiência do parto e maternidade. Tudo é apresentado de maneira muito crua e visceral. A Vanessa Kirby está concorrendo ao Oscar de Melhor Atriz, e na minha opinião ela merece demais!

Minha nota: 5/5

No Coração da Escuridão (First Reformed)

2017

É difícil escrever sobre First Reformed, já faz semanas que eu assisti e às vezes me pego pensando nele com certo desconforto. Ele mistura muitos temas complexos de uma maneira que eu considerei bem angustiante, como a radicalização, repressão sexual e depressão, além do foco na desesperança e no pessimismo frente a um futuro que enfrentará uma grande crise climática (ou seja: não é um filme leve, ainda mais para quem mora no Brasil, rs). O filme conta a história do Reverendo Toller (Ethan Hawke), um líder religioso protestante que começa a questionar sua fé e moralidade após conhecer um casal composto por um homem à beira do colapso mental e por uma mulher que está sempre o circundando em busca de auxílio. Apesar de ser um drama pesado, achei uma experiência interessante.

Minha nota: 4/5

Buena Vista Social Club

1999

Já faz uns anos que eu ouço o disco do Buena Vista Social Club, com músicas que tocavam no clube de mesmo nome que existiu em Cuba entre as décadas de 1940 e 1950. Mas eu não fazia ideia da história fantástica que existiu para que a gravação desse disco fosse possível, que é explicada nesse documentário de 1999, dirigido pelo diretor alemão Wim Wenders. Por muitos anos, artistas cubanos incríveis que tocavam no Buena Vista Social Club ficaram no ostracismo, tocando suas vidas e trabalhando em áreas sem nenhuma relação com a música. Tudo mudou quando o guitarrista e produtor musical estadunidense Ry Cooder viajou até Havana em 1996 com a expectativa de encontrar esses artistas e reuni-los para a gravação de um disco.

Cooder teve muita sorte de conseguir encontrá-los, todos eles já eram bem idosos e muitos não se apresentavam em público há mais de uma década. Mesmo assim, eles toparam fazer música como nos velhos tempos e o resultado foi belíssimo. Eles fizeram apresentações nos Estados Unidos e na Europa, e o disco mudou a vida deles — e de toda a música cubana, que ficou muito mais conhecida pelo mundo. Além da história do documentário ser bem interessante, achei gostoso de assistir pela estética de gravação meio caseira feita na década de 1990. E mesmo nunca tendo ido pra Cuba, senti uma certa familiaridade, como se várias cenas pudessem ter sido gravadas no Brasil.

Minha nota: 4/5

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Stephanie D'Ornelas

brazilian journalist writing about books, art, cinema and more | jornalista curiosa sobre o mundo. aqui escrevo sobre livros, arte, filmes e devaneios