Filmes | Abril de 2021

Cinco filmes vistos no quarto mês do ano

Stephanie D'Ornelas
5 min readMay 9, 2021
Promising Young Woman. Fotos: Reprodução

Neste ano decidi escrever um pouquinho sobre cada filme que assistisse, como mais uma forma de me manter escrevendo por aqui, para me lembrar dos filmes depois e para deixar como sugestão para quem curte cinema. E aqui estou, escrevendo sobre os filmes que assisti no quarto mês de 2021! Se você quiser sugerir filmes bacanas, deixe um comentário. :)

Corpo Fechado (Unbreakable)

2000

Já faz algum tempo que queria ver a trilogia Corpo Fechado, Fragmentado e Vidro, e em abril assisti o primeiro filme da sequência, lançado no ano 2000. O suspense se revela basicamente como um filme de super-herói, mas bem diferente dos atuais da Marvel e DC que dominam o cinema. Ele foca em dois personagens completamente opostos: David Dun (Bruce Willis), um homem aparentemente comum que descobre ser “inquebrável”, e Elijah Price (Samuel L. Jackson), um negociante de arte bem sucedido com ossos tão frágeis como vidro. Corpo Fechado influenciou muito os filmes de super-heróis que surgiram nos anos posteriores, e é um precursor do gênero como o conhecemos hoje.

Ver o protagonista executando seus diversos papeis — como “pai”, “trabalhador”, “herói”— também me fez pensar sobre como o filme retrata uma masculinidade utópica, um homem forte que vai defender a família a qualquer custo, que nunca vai se ferir ou ficar doente, que é referência para o filho e, mesmo com falhas, para a esposa (mas essa é outra discussão que renderia um texto à parte).

Nota: 5/5

Amor à Flor da Pele (In the Mood for Love)

2000

Que filme belo e sensível! Assisti Amor à Flor da Pele no Mubi e fiquei completamente encantada. Essa obra, dirigida pelo diretor de Hong Kong Wong Kar-Wai, é reconhecidamente uma obra prima: o romance foi nomeado como o segundo melhor filme do século 21, segundo uma lista publicada pela BBC. Ambientado na Hong Kong do começo da década de 1960, o filme mostra a relação entre o senhor Chow (Tony Leung) e Su Li-zhen (Maggie Cheung Man-yuk), vizinhos que desconfiam que estão sendo traídos pelos seus respectivos cônjuges. Os dois vivem uma espécie de amor platônico e dividem encontros apresentados de maneira muito sensível. Além de tudo, o filme tem uma fotografia deslumbrante, e os vestidos usados pela Su Li-zhen são um deleite para os olhos, praticamente personagens estáticos da obra.

Depois de assistir o filme, ouvi esse episódio do podcast Plano Geral sobre os 20 anos de Amor à Flor da Pele, e indico muito para quem quer ouvir boas reflexões e análises sobre o filme e a obra de Wong Kar-Wai.

Nota: 5/5

Bela Vingança (Promising Young Woman)

2020

Eu gostei demais de Promising Young Woman (que no Brasil recebeu o título “Bela Vingança”, que não me agrada muito), ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original. O filme, importante dizer, pode ser pesado para muitas pessoas, por despertar gatilhos sobre abuso sexual. Ele é um gênero difícil de definir: tem muito suspense, ao mesmo tempo que é meio comédia ao escancarar e ironizar clichês sobre representações femininas no cinema e na vida. O longa acompanha Cassie (Carey Mulligan), uma ex-estudante de medicina que vai a bares à noite e finge estar bêbada para depois aterrorizar homens que se aproveitam da situação para tentar estuprá-la. Ao longo do filme, vão sendo reveladas as motivações de Cassie, que quer vingança. Infelizmente, é difícil uma mulher que não se reconheça em alguma das histórias apresentadas ali em algum grau.

Nota: 5/5

A Árvore da Vida (The Tree of Life)

2011

A Árvore da Vida é desses filmes que dividem a audiência entre quem ama e quem odeia. Principalmente por não ser um filme que traz uma história linear, simples de entender. Eu gostei dessa definição que li no Papo de Cinema: A Árvore da Vida é um filme-poema. Há muita subjetividade e simbolismos. É uma manifestação artística, que mescla imagens grandiosas do cosmos e da criação do planeta Terra com relatos do micro, a partir cenas de uma família composta por uma mãe doce (Jessica Chastain) e um pai autoritário (Brad Pitt) vivendo a experiência de criação dos filhos entre o amor e a dor. É um filme bonito, sensível, profundo.

Nota: 5/5

Helvetica

2007

Esse filme é para designers e fãs de design e tipografia em geral (inclusive, eu assisti para a disciplina de tipografia que estou cursando). Trata-se de um documentário que conta a história de uma das fontes mais famosas do século 20 e 21: a Helvetica. O longa metragem foi dirigido por Gary Histwit em comemoração ao 50º aniversário da fonte, em 2007. Vários tipógrafos falam sobre suas vivências e impressões sobre a Helvetica (incluindo apaixonados e haters). Mais do que a fonte em si, entretanto, vemos uma discussão entre o modernismo e o pós-modernismo no design. É bem legal para refletir sobre a não-neutralidade do design — mesmo quando falamos de uma fonte tipográfica que foi apresentada ao mundo como “neutra” e “universal”.

Nota: 3/5

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Stephanie D'Ornelas
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Written by Stephanie D'Ornelas

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